EDUCAÇÃO, CULTURA E EMANCIPAÇÃO SOCIAL COMO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO

10/05/2014 18:14

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EDUCAÇÃO, CULTURA E EMANCIPAÇÃO SOCIAL

                                COMO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO

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Desde a Pré-história o ser humano passou a desenvolver a arte da escrita através de desenhos e pinturas nos penhascos e nas paredes das cavernas desenvolvendo e registrando seu conhecimento. A primeira e mais antiga forma de escrita de que se tem conhecimento é a cuneiforme composta por sinais complexo derivada da palavra latina “cuneus” que significa cunha, e proveniente da Mesopotâmia.   

 

Historicamente a educação está ligada diretamente aos primeiros registros do ser humano e as primeiras produções da escrita na terra. É próprio do ser humano procurar descobrir coisas, ir à busca do desconhecido, do imaginário, do seu passado, tentando descobrir as raízes de sua própria história e compreender sua trajetória no mundo.

 

Ao percorrer da história das Américas e do Continente Africano ocorreram as mais variadas formas de desumanização contra os povos habitantes destes territórios, seja no campo religioso, político, econômico, cultural e educacional.

 

O processo colonizador foi um modelo cultural europeu imposto aos povos destes continentes onde os objetivos estavam pautados sobre os princípios e valores religiosos políticos e econômicos escravizando e assassinando civilizações autóctones dizimando suas culturas, ritos, costumes e a vida social. Toda esta barbárie em prol de interesses econômicos em que a Igreja Católica Apostólica romana estava inserida.

 

Nosso primeiro modelo educacional implantado em 1549 pelos Jesuítas trouxe para o Brasil valores, dogmas da religião cristã católica sem levar em conta os valores, princípios, costumes e a vida política e social dos povos autóctones. Foi-nos implantado um modelo educacional positivista, onde o aluno não podia questionar, o professor era o dono da verdade e do conhecimento absoluto, uma educação pautada sobre o castigo físico e psicológico ao aluno caso não exercesse uma disciplina rígida a base de castigo e vigia constante. Havia uma forma de exercer a educação através do excesso de conteúdos, por meio da coação e da relação antagônica entre professor e aluno de forma não dialética.

 

Herdamos a cultura Africana e Indígena o que está muito presente em nossas vidas e que foi e continua sendo de fundamental importância para a formação da sociedade Brasileira, porém predomina em nossas ações muitos traços do colonialismo europeu, aprendemos por meio da imposição os dogmas cristãos, assimilamos elementos da cultura europeia e desprezamos o que é próprio de nossos irmãos indígenas e africanos, esta herança é fruto de uma educação eurocêntrica. Daí então a necessidade de que precisamos conhecer fazer conhecer, reconhecer e perceber a importância da cultura afro-indígena presente em nossas vidas, em nosso dia a dia que se encontra no vestuário, no falar, na dança, na música, na comida e na maneira de como nos relacionamos e convivemos uns com os outros. 

                     

Por isso aplicação e implementação da lei 10.639-2003 e de fundamental importância para se combater o Racismo que ainda impera em nossas instituições publicas principalmente nas escolas, porem o Racismo começa na família, na Igreja chegando à escola e passando pelas demais instituições da sociedade e que se fortalece em nossas relações sociais.  Trabalhar um processo educacional pedagógico de desconstrução do racismo com as crianças deve ser a base para erradicar o racismo em nossa sociedade, contudo, precisamos lembrar que para isso teremos que trabalhar com a família destas crianças, pois, temos que levar em conta que a maioria destas pertence à religião crista de seus familiares e são educados segundo os princípios, dogmas e valores de sua religião cristã, o que torna um trabalho educacional didático-pedagogico delicado e cuidadoso.

Paulo Freire diz que a Educação deve ser libertadora e emancipadora, deve formar cabeças pensantes, críticas, contestadora e consciente de sua realidade social. Porém para que isso seja possível em nossa realidade afro-brasileira e indígena faz-se necessário conhecermos nossa história, sabermos de onde viemos conhecendo nossa realidade e o que nos faz brasileiros afrodescendentes e indígenas. 

 

Sabemos que todo processo educativo passa pelos ditames da avaliação, por isso problematizaremos alguns pontos sobre a questão, pois o processo educacional passa pela avaliação, daí a importância de se avaliar a ela própria dentro do contexto educacional.

 

A Ineficiência do atual sistema de aprovação nas escolas públicas e privada brasileira é um fator preocupante o que implica saber como é realizada esta avaliação, isso mostra que a metodologia de ensino e a avaliação do aluno nas escolas públicas brasileira são arcaicas e ultrapassadas. No que toca as escolas públicas faltam materiais pedagógicos, tecnológicos e didáticos, o material é insuficiente e, além disso, os livros por ex: não correspondem com a realidade sociocultural regional de cada Estado ou município. Os livros brasileiros ainda são construídos numa ótica externocêntrica (de fora para dentro) e racistas, por ex: os materiais didáticos (livros) que são elaborados para a Amazônia ou Pará são construídos na região Sul ou Sudeste do país, o que contradizem a realidade sociocultural da região amazônica composta em sua maioria de Negros e Indígenas, além da cultura dos povos Ribeirinhos e Extrativistas.

 

A forma de avaliação em nossas escolas seja pública ou privada, persistem em um modelo cartesiano de avaliação é muito matemático e mecânico, subjetivo demais, não se leva em questão uma avaliação na base da participação em sala de aula através de debates e construções de textos e o incentivo a leitura e participação em eventos sociais e políticos que poderiam contribuir muito na formação educacional e cidadã do aluno, ainda se tem uma educação muito presa à estrutura física da escola, presa a sala de aula, é uma educação em quatro paredes, os alunos precisam ir as ruas ver e sentir a sua realidade social, claro que isso requer um trabalho pedagógico sistematizado numa parceria com outras áreas do setor público.

 

Já não é mais possível uma avaliação matemática, somativa, mecanizada (cartesiana) e subjetiva carregada de hierarquia onde o professor se coloca como dono da bola, do conhecimento, do saber e da razão absoluta. É preciso haver uma inter-relação na troca de saberes, conhecimentos e experiências, ninguém sabe tanto que não possa aprender com o outro, ninguém é tão bobo que não tenha algo a ensinar ao outro.

 

Outras questões também influem sobre a avaliação, o rendimento escolar do aluno e uma delas, a alta estima baixa decorrente do racismo, do fator econômico da família que às vezes passa fome, saúde frágil, vive em barraco, sofrem problemas de violência dos pais e etc. A criança ou o jovem pode estar sendo acometido por uma série de fatores sociais, econômicos ou psicológicos. A violência contida nos bullying presente entre os amiguinhos do bairro, na escola e visto também na TV são problemas que vão influenciar na alta ou baixa estima do aluno e consequentemente no seu rendimento escolar.

 

Os problemas são amplos, variados, mais às vezes bem específicos como: Racismo, Homofobia, pobreza e fome. O Índio chamado de vagabundo e o Negro de bandido ou marginal, pobre, drogado, o agricultor de ignorante e etc. Esta gama de preconceitos é uma violência que desestimula qualquer ser humano. No que toca a questão racial, o negro é o que mais sofre, é discriminado, humilhado pela cor do cabelo, pela pigmentação da pele, é chamado de neguinho feio, de burro e, se for mulher o quadro é ainda mais grave. Uma criança que vem de um contexto de pobreza extrema em que não se tem o que comer em casa tendo que contar com a merenda da escola, este aluno dificilmente terá um bom rendimento escolar.

 

Educar em uma sociedade da diversidade social e da pluralidade cultural requer um empenho além do simples fato de ser professor, devemos como educador-mediador entender, compreender e conhecer a realidade social do aluno. Devemos saber quem é o nosso aluno, devemos criar laços de relacionamento de proximidade, ganhar a sua confiança através do carinho, do cuidado, do amor e amizade, conduzindo o ao conhecimento e a reflexão crítica de sua realidade social, política, econômica, ambiental e cultural.

 

Em muita das vezes o professor se torna o discente e não o docente. O educador deve sair da condição de opressor e passar a ser parceiro e não rival, a educação somente poderá surtir efeitos e resultados positivos mediante uma metamorfose-ambulante educacional-pedagógica onde possamos ir quebrando os velhos paradigmas da educação positivista partindo para uma interação entre aluno e professor na troca de experiências, informações e conhecimentos que é de fundamental importância para o bom aprendizado do aluno e o seu apego e interesse pelo saber. Sair da condição de opressor é colocar-se no lugar do aluno, sendo humilde e reconhecendo que somos frágeis e falhos, que não somos dono da verdade e nem do conhecimento absoluto, ou seja, podemos aprender também com o aluno. Às vezes o aluno tem muito a nos passar de informação e conhecimento o que não temos em nosso caminhar profissional e formativo. 

 

Como dizia Sócrates: Só sei que nada sei. Tudo que sabemos é muito pouco e sempre estaremos necessitando aprender mais. Seguindo o pensamento socrático, a educação deve ser uma gestação saudável de forma que o aluno possa parir boas ideias, desenvolver um pensamento crítico, reflexivo, o aluno deve trilhar o caminho do questionamento, da dúvida e assim alcançar a razão ainda que a razão possa e deva ser sempre questionada de forma que tanto educador e educando amplie, aprimore e qualifiquem-se cada vez mais seus conhecimentos na busca pelo saber sistematizado.  

 

Educar implica amor pelo saber, devemos estar sempre atento às mudanças de nosso tempo, se atinar aos fatos sociais novos que transgridem o desenvolvimento da pessoa humana. Assim como a filosofia questiona, duvida e reflexiona sobre as questões da realidade social, o professor e o aluno devem fazer o mesmo. 

 

O educador sendo crítico-consciente e conhecedor de sua realidade estará mais bem preparado para adentrar o espaço da sala de aula, assim poderá dialogar e mediar conhecimentos com seus alunos. A troca de experiências é de fundamental importância o que pode contribuir para facilitar o desempenho, aprimorar e aperfeiçoar o trabalho do educador em sala de aula. Nesse processo ganha o professor e ganha o aluno.

 

            Portanto, os desafios são enormes e gritantes, é preciso fazer algo urgente, mudar o quadro social da educação brasileira deve ser compromisso, responsabilidade do Estado, da Família e da Sociedade, então é uma tarefa de todos.

 

 

Fonte Bibliográfica:

 

370.1

T656f Tomelin, Janes Fidélis

Filosofia geral e da educação / Janes Fidélis Tomelin; Norberto

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370.733

B295o Baruffi, Monica Maria.

Organização do Trabalho Pedagógico / Monica Maria Baruffi,

Vilisa Rudenco Gomes. Indaial : Uniasselvi, 2013.

 

278 p. : iI

 

ISBN 978-85-7830-840-1

 

  1. Pratica de Ensino. 2. Avaliação Educacional. 3. Pedagogia.
  1. Centro Universitário Leonardo da Vinci